Na teoria, é você quem não conhece a prática

O Dr Alan Kelon [ou quase dr., não sei se já terminou] com a arrogância clássica da academia deu uma aula de engenharia de software a esse pobre AMADOR SEM EDUCAÇÃO que vos escreve.

Se eu fosse um novato, recém integrado na faculdade, sem base acadêmica para duvidar de um Dr. [ou quase] eu estaria destruído com minha ignorância.

Esse é o temor que tenho da academia, a sua falta total de pé-no-chão ou conhecimento real daquilo que ensina, é o que me fez abandoná-la e nunca mais pisar por lá.

Tantas citações a obras importantes é típico da academia, mas o discurso que eu gostaria de ouvir não existe:

“Quando eu implantei CMMi na XPTO…”

“Quando eu trabalhava com RUP, nós…”

Alan Kelon

Na prática a teoria é outra

Caro Dr., eu estudei muito sobre isso, li todos esses documentos e até cheguei já a acreditar que eram válidos para garantir a qualidade de um produto. Claro, isso no início desse século quando eu era estagiário e sem conhecimento real.

Depois de passar por implantação de CMMi mais de uma vez, ISO e Mps.Br, foi que aprendi o valor da teoria e como aquilo que está escrito não reflete a realidade na “engenharia de software”.

Talvez o que mais me marcou em verificar que não existe engenharia de software [ou ela é ainda muito incipiente] foi ter participado de avaliações ISO em outros setores como indústria, imobiliária e serviços. Fica evidente para todo mundo que a avaliação nesses setores é de processo e não de produto e serviço porque eles tem métricas reais e aplicáveis em suas industrias.

Quando CMMi ou ISO falam em qualidade de produto eles não dizem como fazer e sim o que fazer, essa é a diferença básica entre processo e produto, caro Dr.

Essa bobagem semântica  faz toda a diferença, quando eu avalio a qualidade de um produto como uma garrafa PET, existem métricas reais para testar a qualidade [como por exemplo durabilidade], existe um processo normatizado por órgãos [como ANATEL, ANVISA, e tantos outros] que garantem a qualidade mínima do produto ou serviço.

Esse foi o seu primeiro erro conceitual, dizer que tem que fazer é diferente de dizer “como” tem que fazer. “O que” é processo, DR. “Como” é produto, Dr.

Testes de Software

Vou fazer um mea-culpa porque quando escrevo eu sempre esqueço que meus leitores não me conhecem e não podem advinhar o que fica nas entrelinhas, eu não gosto de citar referências por preguiça de sair catalogando nomes de livros e autores [só quando lembro na integra de cabeça e acho importantissimo] e espero que as pessoas não acreditem em uma só linha sem verificar. Como vão verificar, eles acham a referência por si só, não preciso colocar bibliografia nos meus textos.

Esse trecho fica evidente que falho por omissão:

Há controvérsias sobre testes automáticos garantirem qualidade interna, na verdade, não vejo onde há relação direta. Testes são sim de suma importância, independentemente de serem automatizados ou não, que fique claro, mas não garantem totalmente a qualidade, nem externa e muito menos interna (em breve explicarei o porquê), muito menos é o único método para se conseguir qualidade. Inspeções e revisão de software (e especificações associadas), juntamente com analisadores estáticos, são tão efetivos quanto testes na detecção de defeitos e tem possibilidade maior de melhorar a qualidade interna de produtos de software.

Quando falo em testes, é óbvio para quem me conhece que estou me referindo sobretudo a TDD e também BDD. Testes por si só não garantem nada, nem sequer que as falhas estão cobertas.

O processo de TDD é que fortalece a qualidade interna do software porque ao você aplicar as práticas desse processo, você se torna minucioso na verificação de coesão, complexidade, acoplamento sem precisar de ferramentas de análise de código.

Eu não estou afirmando que não use ferramentas de análise de código, longe disso, só que essas ferramentas não verificam qualidade real no código, no máximo elas avaliam erros clássicos e mau cheiro no código. É perfeitamente possível escrever um código horroroso e ilegível e passar por todas as ferramentas de análise de código facilmente, isso acontece na prática no cotidiano.

Como testar?

Antes de me dizer, responda-me: Você faz que tipo de teste? Unitário, integração, sistema, aceitação? Testes funcionais, estruturais ou baseados em defeitos? Para testes funcionais, você utiliza classes de equivalência, análise de valor limite, grafo causa-efeito e ainda tenta error-guessing? Para testes estruturais, você aplica grafos de fluxo de controle? Como define seu critério de cobertura de instruções, decisões, condições e caminhos? E quais das métricas já citadas ou quaisquer outras tem adotado? (Zhu, Hall and May, 1997) Se você não tiver uma boa estratégia para cada uma destas táticas, sinto muito informar-lhe, mas VOCÊ NÃO SABE TESTAR SOFTWARE.

Eu não sigo as estratégias do Zhu “Who?”, eu sigo um AMADOR SEM EDUCAÇÃO chamado Kent Beck que não é nada científico mas funciona. Sim, eu faço testes unitários, integração, aceitação, stress, carga e o que der mais para fazer com o tempo disponível para entregar o software o mais saudável possível. As ferramentas de análise de cobertura são frágeis e deixam escapar a real cobertura, da qual temos que aplicar triangulação e outras práticas não-acadêmicas criadas por AMADORES SEM EDUCAÇÃO.

O bacana de tudo são esses números:

Ou seja, mesmo que você tenha 100% de cobertura, você terá apenas garantia de detecção de defeitos em 25% dos casos (Glass, 2002).

Minha vó dizia que os números quebrados tem mais credibilidade, se fosse pelo menos um 25, 37%… vá lá.

Não estou a par de nenhum estudo rigoroso que mostre relação positiva entre presença de testes automáticos e código mais coeso, desacoplado, limpo, claro e legível também.

Dr. o mundo não vive de Papers apenas, saia da academia e visite uma empresa que faça TDD e outra que não, o senhor avaliará por si só. Alias, quem deveria fazer esses estudos era a academia, não? Como farão se não saem às ruas?

Caso alguém tenha, por favor, entre em contato. Gostaria de saber também, se possível, quais processos preocupam-se com qualidade externa em detrimento de qualidade interna. Seriam os processos ágeis?

Todos os processos avaliam qualidade externa pelo que escrevi acima.

O seguinte trecho quase me faz não responder esse artigo:

Por fim, o PROJETO é a quarto e última variável necessária para construir software, porque planejamento e gerenciamento são nossas únicas armas para controlar a complexidade

O que diabos complexidade tem a ver com planejamento e gerenciamento?

Desde quando voce planeja a complexidade de um software?

Fazendo notação matemática do algoritmo?

Desculpe, mas nem todo mundo tem o tempo do Dr. Knuth para entregar software, precisamos de verificação rápida e não notação matemática e não existe um mecanismo que faça isso antes de ter um software escrito.

Novamente, o projeto pode ser tão detalhado e formal quanto se queira.

Não, DR. O projeto não pode ser tão detalhado e formal quanto o queira, isso eu acreditava antes de fazer coisas reais e ficava apenas em cima de livros, se a engenharia de software realmente existisse, eu tinha mecanismos reais para fazer esse detalhamento, mas hoje esses mecanismos reais não existem.

Cada vez mais me convenço de que a academia está morta e não produz nada de real, apenas papers repetitivos de bobagens que ninguem lê.

Deveriam ter terminado a notação formal da orientação a objetos mas estão preocupados demais com “modelos de qualidade” [sic] que nunca avaliaram na prática e não fazem idéia de como mensurar.

Isso não é científico, Dr.

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22 thoughts on “Na teoria, é você quem não conhece a prática

  1. Maurício Linhares

    Um problema comum nas ferramentas de análise de código (e em buscar soluções tecnológicas para problemas com pessoas) é que elas são facilmente enganáveis. Você pode ter um projeto lindo do ponto de vista do Checkstyle/PMD/Métricas mas que é uma aberração em termos de solução e manutenção.

    Acreditar piamente que ferramentas de métrica funcionam a contento e são confiáveis em linguagens não puramente funcionas é como acreditar em papai noel, vai ter um natal que você não vai mais ganhar o presente 🙂

    E controlar a complexidade de um software com “processos” e “gerenciamento” é realmente um troço bizarro. A complexidade de um projeto é do tamanho da complexidade do problema que ele tem pra resolver, a qualidade das ferramentas disponíveis e a qualidade técnica da equipe em questão. A “gestão” do projeto influencia muito pouco no controle dessa complexidade.

    Agora, quando se diz que a “gestão” influencia o ESCOPO do proejeto aí a coisa muda de figura. Infelizmente não foi esse o caso.

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  3. Leandro

    Christiano,

    Conseguiu colocar em post tudo o que eu penso sobre a “Academia” e sobre os processos enlatados que só funcionam no papel.

    Meus honestos e sinceros parabéns pelo te artigo !.

    “Na prática…a teoria é outra !”

    Um grande abraço,
    Leandro.

  4. Mário Aragão

    Pior do que a Academia, é a vaidade dos membros e seus títulos. tcs tsc…

    Ser validado em ferramentas de análise de código é mais fácil que tirar pirulito de criança, mesmo que seu software saia todo babado e gosmento.

  5. Juliana

    Boa Milfont, falou muito bem, como na realidade 99.9% das coisas na prática são bem diferentes que dizem as teorias, e pobre daquele que as segue a risca essas metodologias achando que vai ter 100% de êxito em seus projetos

  6. Natanael Pantoja

    E ai Milfont,

    Acho que toda discussão é válida mas quando existe respeito de ambas as partes. Acredite vc demonstra muito embasamento quando fala de teste de software, vc vive a realidade e sabe “onde o sapato acocha”. Sabe o que nós, desenvolvedores passamos com código sem teste.

    Aprendemos muito com discussões, aprendemos até a forma de não discutir.

    Descordar é normal, desrespeitar a opnião do outro, não. Parabéns pelo post e pela ótima resposta au outro POST.

    Grande abraço.

  7. Rafael

    Cristiano,

    Esse seu post tendencioso é de uma total ignorância. Concordo que ALGUMAS vezes a academia pode estar um pouco fora da realidade mas daí achar que o meio acadêmico não produz nada que se preste é no mínimo absurdo. Prova disso é ver o perfil da filial brasil da atual corporação símbolo da internet, o Google: (peço perdão por fazer referência coisa que pelo jeito você é avesso) http://computerworld.uol.com.br/gptw/2009/perfil?uid=39 (e olhe que esse número está de longe pouco significativo há outro texto na internet que detalha esse percentual de pós-graduados). Tá certo, não vamos usar o exemplo do Google, que tal a Microsoft (http://computerworld.uol.com.br/gptw/2009/perfil?uid=41)? Realmente acho que essas empresas têm acidentalmente tantos profissionais FORMADOS no mundo acadêmico e são tão bem sucedidas.
    Um detalhe bastante interessante é que o aparentemente pouco científico Kent Beck que você cita é Mestre pela Universidade de Oregon (http://www.threeriversinstitute.org/Kent%20Beck.htm).
    E lembre-se que existem exemplos do outro extremo (com relação ao que seu post abordou). “Profissionais” que lêem qualquer porcaria de como escrever um software meia boca com qualquer linguagem da moda em qualquer revista e acham que estão aptos a desenvolverem desde software de padaria a software missão crítica com o que aprenderam.

    1. cmilfont Post author

      Rafael, em relação ao mercado a academia está fora da realidade como você mesmo diz, todas as pesquisas relevantes estão saindo de laboratórios como do Google e da Microsoft como você citou, fora centenas de outras empresas e profissionais.
      A academia em si não produz o que deveria produzir na proporção de sua importância e tamanho.
      Em momento algum eu falei que o Beck não é formado ou não é mestre, quem o chamou de AMADOR SEM EDUCAÇÃO foi o Dr. Alan Kelon, agora você tem que considerar que o Kent Beck não produz dentro da academia, assim como os pesquisadores do Google e da Microsoft, citados por você.
      Em momento algum eu disse que ser formado ou ter feito faculdade é uma aversão a mim e não é válido.
      Eu me refiro a quem permanece nela que na sua grande e imensa maioria está produzindo lixo que não servirá para nada e além disso, grande parte com nosso dinheiro. Você deve conhecer já que está nela e o que me deixa triste é que as pessoas que fazem a diferença não lutam contra isso, fingem que a situação não existe.

  8. Marcos Sousa

    Grande Milfont,

    Belíssimo post cara! O problema não é só do meio acadêmico, mas geral, valorizam-se muito processos, letrinhas, certificações, títulos, selinhos e cia Ltda.

    Chega um doutor, um CSM, ou um pomposo Arquiteto de Software Certificado falando uma série besteiras se achando o Deus e ninguém questiona por causa dos títulos. Cada vez mais, vejo nas faculdades a submissão dos alunos, ninguém questiona nada. Exemplo: Peça um professor doutor para dizer que divisão por zero existe e o valor é zero, dificilmente terá alguém que argumentará ou que pedirá ele para provar.

    Seus posts estão cadas vez melhores! Parabéns!

  9. Calango

    O fato de não fazer referências é péssimo para o autor de algum texto pois a “omissão” (analisando friamente) é “uma absorção” das idéias de daqueles que não foram citados.

  10. Mário Aragão

    Não entendi o Rafael, quis rebater dizendo que a Acadêmia é o lugar mas simplesmente confirmou o que foi dito aqui, se produz e se pesquisa melhor fora dela. Prova disso o pessoal citado.

    Cara, o que diz o artigo do Milfont não é que é ruim ter títulos, o mau é ficar apenas no meio acadêmico pagando de melhor do mundo, quando a realidade nos mostra o contrário. O pós-faculdade no mercado e na prática é tão ou mais importante do que pesquisas baseadas em teorias em meio interno, fechado, imaginário…

  11. Rodrigo Araujo

    Mário,

    O texto de Christiano parte da experiência que ele teve com um membro da academia, e deixa entender que a academia toda é assim, o que eu, ele e muitos outros achamos através de fatos que não é bem assim.

    As citações de Rafael mostram cases de sucesso de parceria entre academia e iniciativa privada. A academia por si só não produz e nem vai produzir um produto de sucesso para lançar no mercado (ou você vai contrarar um produto de TI em uma universidade?)

    Tenho minha formação no Centro de Informática da UFPE (assim como Dr. Allan Kelon e Rafael) e aqui temos muitos exemplos de parcerias que deram certo. Dentro do CIn/UFPE temos empresas como Samsung, Itautec e Motorola. No Porto Digital temos o Cesar, Pitang que empregam alunos formados pela UFPE e outras faculdades locais. E o exemplo prático que na academia temos estudos que podem e são aplicados na “vida real”.

    Concordo sim que na academia tem pessoas que se acham donas da verdade, mas desse tipo de gente também encontramos com facilidade no mercado de trabalho. E relendo o post continuo com a impressão que nosso colega Christiano generaliza TODOS da academia.

  12. cmilfont Post author

    Olá Rodrigo, pessoas que vivem na academia e produzem de verdade são exceções. E você sabe muito bem que não se faz a regra com base em exceções.
    O pior não é nem isso, a discussão saiu desse blog e tomou o twitter entre mim e o Dr. Alan e pelo que percebi ele acha que CMMi funciona e pior, que as empresas CMMi seguem o modelo de qualidade pregado pelo SEI.
    Eu já passei por empresas CMMi, já implantei ISO e minha experiência me ensinou que é impossível continuar com o modelo após a “certificação” porque as métricas reais não são satisfatórias e o custo para se manter a documentação não retorna no sentido de qualidade.
    Engenharia de Software ainda não existe na prática, ela povoa livros apenas. Esse tema merece até um post a parte, coisa que devo publicar nos próximos dias.

  13. Rafael

    Rodrigo não podia ter sido mais feliz em completar as lacunas que deixei em meu comentário. De qualquer forma ainda quero acrescentar um ponto na parceria academia-iniciativa privada descrita por Rodrigo, ponto este que eu julgo não ter ficado claro: da mesma forma que a academia precisa da iniciativa privada para o desenvolvimento de pesquisas focadas no mercado a iniciativa privada depende da academia para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Fato este claramente representado nos números (que são apenas um pequeno exemplo do universo) que apontei em meu comentário anterior. Ou me responda, sinceramente, o que leva uma empresa como a IBM a iniciar um processo seletivo como este: http://jc.uol.com.br/canal/cotidiano/economia/noticia/2009/09/09/ibm-a-procura-de-doutores-no-brasil-198981.php ?! Puro prazer por ter doutores no quadro? Incentivo fiscal que não é!
    Assim como Rodrigo, não acredito na academia sem a iniciativa privada mas daí achar que a academia é desnecessária é um contrasenso.

  14. Rodrigo Araujo

    Christiano, a iniciativa privada PRECISA da academia para formar bons pesquisadores e para fazer pesquisas bem estruturadas.

    E não é tão difícil assim encontrar pesquisadores com pé no mercado não. Tive professores que todo conhecimento se resumia ao que Tanembaum escreveu em seus livros sim, mas também tive muitos outros (maioria) que conhecem muito bem a realidade de mercado. Não vou citar nomes aqui, mas que eles existe, isso existe.

    Ps.: E não é só na área de computação que temos isto não, vá conhecer os departamentos de uma boa universidade que você vai encontrar pesquisas muito relevantes sendo feitas. Recomendo assistir Globo Rural, Globo Universidade, todos os fins de semana vemos na TV (mesmo que de manhã cedo) exemplos práticos disto.

    Ps2.: Não ia falar em CMMi e correlatos até porque também não acredito tanto neles, mas acredito também que o modelo não é o pior vilão da história. O modelo é bem generico e cobre uma variedade enorme de situações, quem vai implanta-lo que tem que ter competência para atender o modelo sem precisar transformar a equipe numa fabrica de documentos.

  15. cmilfont Post author

    O ponto não é que a academia é desnecessária, Rafael. Pelo contrário, a academia é que está se isolando em via de regra.
    Eu vou palestrar na UFC essa semana justamente porque na XPCE temos a missão de aproximar o mundo acadêmico do mercado por falta de iniciativa da própria academia.
    Vamos por exemplo na Engenharia de Software, é evidente para o mercado que agile [que é tratado merecidamente como não científico] é o caminho a seguir e modelos de qualidade como CMMi e ISO são overhead e irreais na prática, quais os estudos que demonstram isso?
    Que eu conheça, nenhum.
    Cadê os estudos sobre testes de software reais? São infimos!
    Agora monografias e teses são sempre os mesmos assuntos batidos que já foram publicados a 10 anos atrás ou mais.

  16. cmilfont Post author

    Rodrigo, respostas abaixo:

    “Christiano, a iniciativa privada PRECISA da academia para formar bons pesquisadores e para fazer pesquisas bem estruturadas.”

    Concordo totalmente contigo.

    “E não é tão difícil assim encontrar pesquisadores com pé no mercado não. Tive professores que todo conhecimento se resumia ao que Tanembaum escreveu em seus livros sim, mas também tive muitos outros (maioria) que conhecem muito bem a realidade de mercado. Não vou citar nomes aqui, mas que eles existe, isso existe.”

    Existe e não nego, mas não são maioria. Exemplo é sobre agilismo mesmo, dentro da academia o número de Dr. capacitados a pelo menos falar sobre o assunto são poucos e que tenham implantado CMMi são raros.

    “Ps.: E não é só na área de computação que temos isto não, vá conhecer os departamentos de uma boa universidade que você vai encontrar pesquisas muito relevantes sendo feitas. Recomendo assistir Globo Rural, Globo Universidade, todos os fins de semana vemos na TV (mesmo que de manhã cedo) exemplos práticos disto.”

    Eu conheço outras áreas e até acho que Ciência da Computação é um dos mais atrasados em comparação a outras áreas proporcionalmente à importância e dinheiro aplicado.

    “Ps2.: Não ia falar em CMMi e correlatos até porque também não acredito tanto neles, mas acredito também que o modelo não é o pior vilão da história. O modelo é bem generico e cobre uma variedade enorme de situações, quem vai implanta-lo que tem que ter competência para atender o modelo sem precisar transformar a equipe numa fabrica de documentos.”

    O modelo é errado como métrica de qualidade, só isso. o cerne da discussão era que CMMi não trás qualidade do produto e ainda vou mais longe, sequer do processo, apesar de me abster da discussão sobre processo e me concentrar na de produtos.
    Resumo de minha parte é que os modelos tradicionais não agregam qualidade alguma ao produto e a prática já provou isso.

  17. Rodrigo Araujo

    Concordo com muitos pontos com você Christiano.
    Infelizmente temos alguns membros na academia que não enxergam bem a realidade das coisas 🙂
    Uma das coisas que julgo mais importante para QUALQUER projeto de desenvolvimento de SW são os requisitos. Por isso fui pagar uma cadeira de pós-graduação na área, infelizmente vi um monte de tecnicas que são definitivamente impraticaveis em projetos comuns. Passei frustado pela cadeira…

    Acho que você foi infeliz porque pegou um problema que você teve com *um* membro da academia e escreveu um pouco exaltado demais, deixando transparecer que você era contra a academia 🙂

  18. Mário Aragão

    “Assim como Rodrigo, não acredito na academia sem a iniciativa privada mas daí achar que a academia é desnecessária é um contrasenso.”

    Concordo, a Academia não é desnecessária, como também não é o oasis da padronização. É um ótimo lugar pra se frequentar, desde com moderação, como diria o Ministério da Saúde 😉

    Gostei do Rodrigo, foi ponderado e sincero em seus argumentos.

  19. Marcus Rodrigues

    Caríssimos, e em especial, caro ex-aluno Milfont 😀

    Cara, fiquei assustado ao ler teu artigo. Até interessante em alguns pontos, mas em sua maioria muito cheio de “ódio” 😉 Ei… antes que vc venha responder, estou só brincando 😉

    Mas falando sério, o texto tem boas passagens, mas tanto o texto quanto as argumentações em respostas notadamente ao Rafael e Rodrigo, que a propósito, a meu ver foram extremamente felizes em suas argumentações, alguns pontos me incomodaram. Alguns deles tenho até certeza que vc sabe quais são. Mas queria chamar a atenção para um único ponto que resume vários pontos comentados por vc…

    Ciclo virtuoso envolvendo pesquisa pura -> fomento a pesquisa -> pesquisa aplicada -> mercado -> produto -> recur$o -> pesquisa pura… Academia e mercado devem viver um ciclo virtuoso de dependência mútua. O mercado precisa da academia para desenvolver produtos e serviços de qualidade. E isso é quase dogmático 😉

    Por favor, não generalizemos incidentes eventuais com a postura e/ou resultados de uma instituição de valor como a academia. E pensemos sempre que academia e mercado devem viver um ciclo virtuoso (o mercado precisa da academia para provisão de produtos e serviços de qualidade, e a academia precisa do mercado para investir em pesquisa pura e aplicada e transformá-la em resultados ditos por muitos de vcs).

    Ei, mas deixa eu ir agora. Tenho aula, e meus alunos estão esperando. Mentes sedentas por conhecimento acadêmico 😉

    Mas antes… Deixa eu dizer só mais uma coisa… Para com esse negócio de que “agile” é o caminho a seguir. Isso não é evidente coisa nenhuma, cara pálida. Isso é coisa de fanático. Para com isso, Milfont! 😉

    Um abraço a todos!

  20. Carlos Amaral

    Caros.
    Sou programador/Analista há 22 anos. Recentemente, trabalhei numa faculdade no Paraná por 4,5 anos, e convivi com vários ‘titulados’, como Mestres e Doutores, e posso garantir o seguinte : mestres e doutores defendem a cor do capim que comem e, no dia que este capim mudar de cor, com certeza morrerão de fome .

    Na sua grande maioria, hoje em dia, são totalmente teóricos que colecionam as melhores frases de suas pesquisas e saem por aí, querendo definir os rumos do mercado. Raramente trabalharam realmente em suas áreas de conhecimento.

    Não são pessoas para serem levadas tão a sério.

    O dia a dia nos ensina muito mais, na prática, o que devemos realmente fazer, que decisões tomar, que rumos seguir.

    O mesmo para ‘certificados’ e ‘titulados’.
    Existem escolas que ministram 3 cursos e têm a imprudência de diplomar seus alunos como ‘consultores’. O cara sai de lá achando que tem ‘4 b@lls’ e tals, mas quando se deparam com um aplicativo real, não tem a mínima noção do que fazer.
    Acho isto tudo muito perigoso.

    Outra coisa que devemos ter em conta é que os tais Mestres, Doutores e outros titulados vivem da venda de seus livros ou de suas palestras, então pegam um assunto qualquer e fazem disto seu nicho, quase que obrigando seus ouvintes a adotarem estas ‘resenhas’ como pré-condição para uma carreira bem-sucedida.

    Houve recentemente um congresso em São Paulo onde a maioria das palestras eram tendeciosas e plenas de ‘marketing’ sub-liminar (ou eram escolas ou eram consultorias). E pudemos observar, na prática, que diante de alguma pergunta aprofundada, os ‘nomes chave’ passavam o microfone para o seu ‘coadjuvante’ responder (humildade ? não … falta de conhecimento mesmo ! )(testemunhei isto com um dos maiores nomes JSF no Brasil).
    Outro, extremamente arrogante, pregando TDD, que montou um código ‘on-site’, pecando em coisas básicas como ‘não-previsao’ de ‘array out of bounds’, ou validações ‘=’ e, ainda por cima, querendo provar que os ‘opinantes’ é que haviam errado.

    Digo e repito : temos que tomar muito cuidado com isto tudo.

  21. Carlos Amaral

    Em tempo : se seguirem o link neste tal Dr. Alan Kelon, o cara se formou, já fez mestrado e está no doutorado. Toda sua carreira é acadêmica. Teve apenas um estágio.

    Sumariza o repúdio da maioria aqui, e com razão.

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