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Tornar-se um mito!

Mitos são importantes porque representam uma imagem de sucesso e glória que todo mundo almeja, mas a áurea do mito transcende sua obra. Mitos não são criados por serem explicáveis, são idolatrados!

Os fatores que fazem um mito ser criado podem ser ruins ou bons para a verdade, mas a verdade é sempre factual até na ciência e quem decide se alguém se tornará mito ou não é a trajetória desse alguém.

Tornar-se um mito é um caminho pessoal apenas e não depende necessariamente de conhecimento ou proficiência, depende mais de escolhas e estratégias adotadas durante o caminho de mitificação, seja na falsificação ou na comprovação de sua excelência.

Imprimindo sua marca

No livro A Cauda Longa, o autor -Chris Anderson – fala em três princípios:

  1. Crie;
  2. Anuncie;
  3. Faça-me descobri-lo.

A construção de um mito não necessariamente precisa seguir os três passos, apenas o terceiro item já que todo mito é construído principalmente ao se fazer descobrir.

Ninguém se torna um mito sendo excelente no que faz e sim sendo excelente em fazer as pessoas o acharem excelente no que faz.

“Eistein era uma farsa” Lattes, César

César Lattes descobriu o Méson-pi, nem por isso ganhou o Nobel, ele reconheceu que não tinha o “networking” necessário. A desculpa é que apenas o líder de um projeto era agraciado com o “Oscar da Ciência” sendo que isso não foi e nem é verdade já que vários outros casos não seguiram “as regras”.

Eistein era uma farsa, mas o mito em volta dele tem mais a ver com o círculo que Eistein frequentou do que suas capacidades.

O mito de Eistein tem força até em sua biografia, quando lemos que foi um garoto idiota, com problemas de concentração e um aluno medíocre nos sentimos inspirados. Como a maioria da população é medíocre, nos identificamos de imediato com a esperança que podemos nos tornar alguém especial de uma hora para outra como em um estalo.

Eistein plagiou o trabalho de Poincaré, que só tinha acesso a revistas insignificantes, enquanto Eistein era publicado em grandes revistas de física e frequentava a alta elite científica de sua época.

Entre em uma academia hoje e diga que Eistein era um farsa, ninguém dará atenção porque isso não importa para ninguém, a tônica aqui é que a grande maioria está à procura de um ídolo para idolatrar e não saber a verdade.

Isso é perigoso para todo mundo porque se baseia na propaganda do Führer:

“Uma mentira dita várias vezes se torna verdade.”

Lutar contra todos é um trabalho árduo

Um coisa difícil é contornar o senso comum, depois que a população acredita em fatos ou informações dadas como verdadeiras, a verdade é anulada pela predisposição que temos em aceitar que uma opinião ou fato não pode ter mais peso do que a opinião de todos.

No livro Sabedoria das Massas, o autor demonstra um experimento realizado por um canal de tv. Esse programa colocou um sujeito olhando para cima, algumas pessoas passavam, olhavam e ao verem que nada havia, iam embora. A mesma esperiência foi repetida com um grupo de pessoas olhando para cima, só que dessa vez as pessoas olhavam e se recusavam a irem embora sem saber o que era, porque não acreditavam que várias pessoas olhando para cima não poderia ser nada.

As ideologias sabem aproveitar o senso comum, Führer se tornou Chanceler não porque fosse brilhante estrategista -inclusive era também um artistas medíocre – e sim porque sabia manipular e tinha um círculo influente.

Ninguém se torna um ditador sem apoio popular de seus conterrâneos e o nazismo soube aproveitar o sentimento europeu de que existia uma conspiração judáica que pretendia dominar o mundo.

Judaísmo, o maior Networking que ja existiu

A maioria dos judeus que conheci são ateus, conhecedores profundos de sua religião e praticantes severos de rituais e dogmas mesmo não acreditando em D’us. Não há importância se Javé existe ou não, o importante é a unicidade que a religião propcia.

O Islã tem mais praticantes do que o Cristianismo, mas eles não possuem a unicidade que há no Judaísmo. Ser judeu é algo que é maior do que uma religião. É a identificação de uma cultura que delimita e demarca os seres que a praticam.

Isso tudo forma uma espécie de “Networking” sem precedentes na história de humanidade e por conta disso uma grande brecha para teorias conspiratórias. Só comparado a outro grande movimento cultural: os maçons.

O Judaísmo sempre foi perseguido, de egípcios a nazistas, passando por cristãos a islâmicos, todo mundo tentou exterminá-los porque a unicidade de sua cultura incomoda todo o resto. Todo grupo beneficia seus membros mas pode ser um entrave a todo o resto.

A formação de grupos com o chamado “acordo de cavalheiros” sempre existiu e sempre vai existir, faz parte da nossa necessidade biológica – de símios que somos – formarmos bandos para nos protegermos.

O Networking acaba criando uma rede social natural que proteje aqueles que a abrigam, então é comum as decisões serem baseados no benefício aos membros do “grupo”.

Dificilmente a barreira do grupo vai ser prejudicada em detrimento a um elemento fora do grupo, grupos podem ser bons ou maus, mas a identificação com um faz com que o mito seja reverenciado. Ninguem se torna um mito sem um grupo de facilitadores e multiplicadores.

Observe a lista dos ganhadores do Nobel, vai ver um grupo enorme de judeus, não porque se reunem para decidir quem será o próximo ganhador ou porque possuem conselhos conspiratórios de dominação mundial e sim porque o grau de afinidade compartilhado pela cultura em comum facilita o trânsito natural ao prêmio almejado.

O mito sairá de um grupo, quem imprimir sua marca dentro daquele grupo será seguido pelos demais. Depois de se tornar o macho-alfa, o grupo o defenderá, até lá tem um trabalho de bater cabeças com outros varões em busca de liderar o bando.

Evidente que o líder sempre recebe os méritos de seu bando, Newton não criou toda sua ciência sem ajuda de seus aprendizes – dizem até as más línguas que uma das teorias de Newton foi de um pupilo que compartilhou não só os trabalhos como sua cama também, mas aí foge das nossas especulações.

Torne-se um mito por ser excelente!

Eu tenho um grande prazer de desmascarar mitos fajutos – claro que só posso fazer isso em mitos pequenos que estão acessíveis às minhas garras. Chega a me dar um prazer orgástico quando consigo desmascarar todos os auto-bajuladores, principalmente daqueles que gostam de se promoverem às custas do trabalho alheio.

Geralmente esses mitos fajutos conseguem liderar seu bando se fortalecendo em duas principais correntes: autoridade e amizade, não necessariamente unidos mas se assim o for, é potencializado. Una isso ao senso comum e você tem um mito pronto.

A Autoridade é fácil de ser conseguida, trazendo para nossa realidade basta um doutorado por exemplo, a opinião de alguém com um doutorado sempre vai pesar mesmo que a discussão seja fora do âmbito de conhecimento desse doutor. O apelo a autoridade pode ser conseguido de forma fácil, mas é frágil a longo prazo.

Amizade é um pouco mais difícil, requer além de grande esperteza, um pouco de sorte e dom em saber manipular as pessoas. Um nome mitificado é defendido pelos membros de seu grupo insanamente, não precisa de argumentos sólidos.

Mitos sempre vão existir, nosso altar psicológico clama por um mito a ser venerado.

Por isso temos a obrigação moral de lutar contra os mitos fajutos permitindo a mitificação natural dos que merecem de fato serem invejados e seguidos.

Seja bom no que faz mas apareça, mostre ao mundo que você é excelente, não apenas que conhece a pessoa certa. A cada mito criado pelo mérito de ser bom, um fajuto a menos é retirado do altar. O Olimpo não é para todos, é estrito e deveria ser apenas aos que merecem.

Perdi a conta de quantos profissionais excelentes com enorme potencial serem desprestigiados por não serem notados, enquanto miseráveis conseguem imprimir sua marca por saberem jogar esse jogo da mitificação de um nome.

Vocês tem dois caminhos principais, o fácil que é montar apenas um bom networking e o outro que é ser excelente e fazer as pessoas saberem disso.